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Igrejinha da Barra

a fé existe muito antes de nós

Capela Santo Amaro, Bairro da Barra, década de 1950. Acervo Histórico de Balneário Camboriú.

Localizada no coração do Bairro da Barra, em frente à praça do pescador, a Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, atual Capela de Santo Amaro, é um símbolo histórico e inegável da comunidade. Mais conhecida como Igrejinha da Barra, o consenso popular afirma que a capelinha teria sido  inaugurada em 1758. Porém, as fontes não comprovam sua existência neste período. A primeira documentação sobre ela aparece somente no século seguinte, na Lei Provincial de 28 de março de 1840, que autorizava sua construção. Sendo assim, ela é a primeira igreja de Balneário Camboriú e uma das mais antigas de Santa Catarina.

A antiga moradora do Bairro da Barra Maria Aparecida Rodrigues, de 53 anos, conta que seu avô já falecido, Manoel Sinfrônio Rodrigues, no passado teria ajudado na construção da Igrejinha que teria sido erguida com mão de obra escrava. Pelas especulações, o material utilizado na construção da capela foi pedra bruta, conchas, areia e argamassa à base de óleo de baleia. Porém, a informação que faz parte do imaginário popular não foi comprovada pelo relatório da análise de amostra de reboco, realizada pelo Laboratório de Materiais do Ateliê de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis da Fundação Catarinense de Cultura.

Fachada da Capela de Santo Amaro, 2021. Imagem: Yasmim Primieri Kochhann.

O sino que quebrou de tanto ser tocado

"Meu avô sempre contava histórias sobre o dia da assinatura da Lei Áurea, em que os escravos da região tocaram o sino por 24 horas seguidas, a ponto de quebrá-lo", conta Cida.

 

Hoje o sino continua dentro da igreja, disponível à visitação. E o novo sino que o substituiu é muito simbólico para os moradores locais, pois toda vez que há um falecimento de alguém da comunidade o sino tem um toque especial.

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Sino quebrado de tanto ser tocado na abolição da escravatura permanece dentro da igrejinha.
Imagem: Yasmim Primieri Kochhann.
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Sino quebrado de tanto ser tocado na abolição da escravatura permanece dentro da igrejinha.
Imagem: Yasmim Primieri Kochhann.

O berço da fé no Bairro da Barra

A capela possui características de arquitetura portuguesa e telhas em formato artesanal. Em seu interior há inclusive imagens de santos padroeiros que foram doadas pela Família Real Portuguesa. O prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado e do Município sob os decretos nº 1.977, de 11 de agosto de 1989 e nº 2.992, de 25 de junho de 1998, respectivamente. Em 2008 recebeu uma intervenção de restauro, o que trouxe inclusive as cores originais para o interior da Capela. 

A Capela Santo Amaro compõe todo cenário açoriano do bairro da Barra. Em breve, também será construído um mercado público próximo ao local, uma vez que a atividade da pesca artesanal continua sustentando muitos moradores da região.

 

Outra curiosidade é que a capela é muito parecida com a de Nossa Senhora das Graças, que fica em Olinda, no estado de Pernambuco. Por isso, acredita-se que foram os jesuítas que apresentaram o projeto na época. Como não há muitos registros, especula-se que essa foi a segunda igreja construída no estado, a primeira teria sido em Ribeirão da Ilha, em Florianópolis. Porém, a falta de registros não deixa provar sua data exata. 

 

De todo modo, no alto do monte, a capela que sobreviveu ao tempo segue abençoando os moradores, pescadores e turistas do Bairro da Barra. A construção simples, mas imponente, contrasta com a vista urbanizada que se tem lá do topo, e também relembra seus visitantes de que a fé existe muito antes de nós. 

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Santuário que localiza-se na parte externa da Capela de Santo Amaro.
Imagem: Yasmim Primieri Kochhann.
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