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Balneário e Camboriú

A emancipação

Álbum fotográfico descritivo, 1952. Acervo Histórico de Balneário Camboriú.

A ntes de sua emancipação, a então chamada "Praia de Camboriú" era uma coisa só e pertencia tanto à atual cidade de Balneário como a de Camboriú. Porém, conforme o turismo na praia se expandia, passou também a cogitar-se a separação oficial  das cidades.

Dois projetos de emancipação

Foi o vereador de Camboriú Aldo Novaes quem apresentou o projeto de emancipação da cidade em fevereiro de 1964. Na época havia dois diferentes projetos. O primeiro que deixaria as duas cidades com territórios semelhantes, ambos com áreas rurais e marítimas, tendo o Rio Camboriú como divisor. E o segundo que deixava Camboriú com uma área maior, mas sem acesso ao mar. 

 

Dos dois projetos, o segundo acabou sendo implementado, pois Camboriú não queria perder a posse do colégio Agrícola, que teria que passar para Balneário Camboriú caso escolhesse ficar também com áreas marítimas. Na época, Camboriú era considerada muito mais rica pelo valor que tinha sua terra boa e com potencial agrícola, enquanto que a praia era considerada uma terra pobre sem muita utilidade. 

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Avenida Atlântica, Centro, década de 1950. Acervo Histórico de Balneário Camboriú.

Antes do turismo a praia era o lixão

Anúncios nos jornais antigos vendiam casas com fundos virados para o mar como sendo lugares excelentes para se jogar o lixo e o esgoto. Até meados de 1974 o lixão de Balneário Camboriú era na Praia Brava... Hoje parece piada, mas quem morava ali naquele tempo chegava até mesmo a sofrer preconceito. Mas já diria o ditado, quem ri por último ri melhor. Atualmente, morar na praia é considerado um privilégio para poucos. Se não fosse o fenômeno do turismo, atualmente as favelas estariam nas praias. 

 

Para os políticos de Camboriú, o turismo também estava longe de ser uma fonte de riquezas. Pelo contrário, dizia-se que o turismo só gerava prejuízo, pois consumia muito investimento e apresentava pouco retorno. Um vereador da época chegou a dizer que "Camboriú não devia deixar de atender o colono pra dar banho em alemão na praia". No pensamento deles, o interior tinha mais gente, dava mais votos e era para lá que os esforços deveriam ser dirigidos. 

A rixa entre as cidades

"Camboriú nunca fez nada por esse Balneário", repetiu sete vezes durante a entrevista seu Olindino Miguel, de 99 anos. O senhor que viveu praticamente a vida inteira no município conta que, quando Balneário pertencia à cidade de Camboriú, ela era esquecida.

 

"Tudo que era arrecadado tinha que ir pra Camboriú e não voltava nada. Todo o progresso aqui em si começou a partir do momento que passou a ser mais habitado", complementa.

 

Seu Olindino conta também uma história inusitada que ilustra a divergência entre as duas cidades. Pela primeira vez teria luz nas ruas da cidade de Balneário, com energia que vinha do bairro de Cabeçudas, em Itajaí. As luzes da cidade estavam programadas para acender quando desse meia noite na noite de Natal, porém não foi exatamente o que aconteceu. "Quando chegamos na rua tinham 11 postes de luz no chão. O pessoal de Camboriú veio com raiva e cortaram todos os postes porque não aceitavam que emancipassem a cidade, queriam que fosse uma coisa só...", explica. 


Como já era de se imaginar, a emancipação não foi uma negociação fácil. Camboriú não queria perder o benefício de receber os impostos de Balneário, mas também não queria transferir a sede do município para a praia. Após muita negociação e várias votações, os vereadores da Praia de Camboriú finalmente aprovaram o projeto. E assim, o fenômeno do turismo atuou em favor do progresso da cidade, que em 20 de julho de 1964, nasceu oficialmente como Balneário Camboriú.

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